Bianca Santos, Júlia Ribeiro e Carlos Souza Jr. Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas: SAD de Abril de 2025 a Junho de 2025. Belém: Imazon.
Áreas Protegidas (APs) representam um patrimônio nacional, e considerando a extensão das APs na Amazônia Legal (i.e., 4), os seus benefícios para a manutenção da biodiversidade, estoques de carbono e na geração de serviços ambientais, como a regulação do clima, transcendem a fronteira nacional, alcançando relevância global. Propomos uma metodologia para monitorar as Ameaças e Pressões nas APs baseada em dados de desmatamento (sem sombra de dúvidas, um dos maiores vetores de ameaças, mas há outros vetores como extração madeireira, garimpo, hidrelétricas).
Usamos as seguintes definições:
AMEAÇA: é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma AP. Utilizamos uma distância de 10 km para indicar a zona de vizinhança de uma AP na qual a ocorrência de desmatamento indica ameaça. Muitas APs resistem a esse tipo de ameaça, não permitindo que o desmatamento penetre em seus limites.
PRESSÃO: ocorre quando o desmatamento se manifesta no interior da AP, levando a perdas de serviços ambientais e até mesmo à redução ou redefinição de limites da AP. Ou seja, é um processo interno que pode levar à desestabilização legal e ambiental da AP.
RESULTADO
O SAD de abril a junho de 2025 detectou um total de 854 km2 de desmatamento na Amazônia. O cruzamento dos dados do SAD com a grade de células de 10 km x 10 km (i.e., 100 km2) revelou que:
- Das 726 células que tiveram ocorrência de desmatamento, 542 (75%) indicam Ameaça e 184 (25%) Pressão em APs. O número de células com ocorrência de desmatamento de abril a junho de 2025 é 20% menor em comparação com abril a junho de 2024. Isso ocorre porque, além do número de alertas ser menor no período atual, a área desmatada também reduziu 5% em comparação com o período anterior.
- As APs mais Ameaçadas foram a PARNA Mapinguari (AM/RO) e a RESEX Chico Mendes (AC). Ambas ocuparam o segundo e o primeiro lugar, respectivamente, no ranking de APs ameaçadas do período anterior. Oito das dez APs mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior (Gráfico 1).
- A APA Triunfo do Xingu (PA) e a Resex Chico Mendes (AC) foram as APs mais Pressionadas. Ambas ocuparam o primeiro e o segundo lugar, respectivamente, no ranking de APs pressionadas do período anterior. Cinco das dez APs mais pressionadas do período também apareceram no ranking do período anterior (Gráfico 2).
- As Terras Indígenas TI Jacareúba/Katawixi (AM) e TI Apyterewa (PA) foram as mais Ameaçadas no período. A TI Jacareúba/Katawixi (AM) também ocupou o primeiro lugar no ranking de Terras Indígenas ameaçadas no período anterior. A TI Mundurucu (PA) e a TI Andirá-Marau (AM/PA) lideram o ranking das mais pressionadas.
- As Unidades de Conservação Federais que lideram o ranking de Ameaça são a PARNA Mapinguari (AM/RO) e a Resex Chico Mendes (AC). Nove das dez unidades de conservação federais mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior. Em relação à Pressão, a Resex Chico Mendes (AC) e a APA do Tapajós (PA) lideram o ranking de unidades de conservação federais pressionadas no período.
- As Unidades de Conservação Estaduais mais Ameaçadas foram a APA do Lago de Tucuruí (PA) e a FES do Antimary (AC). Sete das dez unidades de conservação estaduais mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior. Em relação à Pressão, a APA Triunfo do Xingu (PA) e a APA Leandro (Ilha do Bananal/Cantão) (TO) são as líderes do ranking.

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