Bianca Santos, Júlia Ribeiro e Carlos Souza Jr. Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas: SAD de Julho de 2024 a Setembro de 2024. Belém: Imazon.
Áreas Protegidas (APs) representam um patrimônio nacional, e considerando a extensão das APs na Amazônia Legal (i.e., 4), os seus benefícios para a manutenção da biodiversidade, estoques de carbono e na geração de serviços ambientais, como a regulação do clima, transcendem a fronteira nacional, alcançando relevância global. Propomos uma metodologia para monitorar as Ameaças e Pressões nas APs baseada em dados de desmatamento (sem sombra de dúvidas, um dos maiores vetores de ameaças, mas há outros vetores como extração madeireira, garimpo, hidrelétricas).
Usamos as seguintes definições:
AMEAÇA: é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma AP. Utilizamos uma distância de 10 km para indicar a zona de vizinhança de uma AP na qual a ocorrência de desmatamento indica ameaça. Muitas APs resistem a esse tipo de ameaça, não permitindo que o desmatamento penetre em seus limites.
PRESSÃO: ocorre quando o desmatamento se manifesta no interior da AP, levando a perdas de serviços ambientais e até mesmo à redução ou redefinição de limites da AP. Ou seja, é um processo interno que pode levar à desestabilização legal e ambiental da AP.
RESULTADO
O SAD de julho a setembro de 2024 detectou um total de 1.852 km2 de desmatamento na Amazônia. O cruzamento dos dados do SAD com a grade de células de 10 km x 10 km (i.e., 100 km2) revelou que:
- Das 2.802 células que tiveram ocorrência de desmatamento, 1.647 (59%) indicam Ameaça e 1.155 (41%) Pressão em APs. O número de células com ocorrência de desmatamento de julho a setembro de 2024 é 23% menor em comparação com julho a setembro de 2023. Isso ocorre porque, apesar da área desmatada ter aumentado, o número de alertas reduziu 7%, em comparação com o período anterior.
- As APs mais Ameaçadas foram a Resex Chico Mendes (AC) e a PARNA Mapinguari (AM/RO). Seis das dez APs mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior (Gráfico 1).
- A Resex Chico Mendes (AC) e a APA Triunfo do Xingu (PA) foram as APs mais Pressionadas. Seis das dez APs mais pressionadas do período se localizam no estado do Pará (Gráfico 2).
- As Terras Indígenas TI Trincheira/Bacajá (PA) e TI Cachoeira Seca do Iriri (PA) foram as mais Ameaçadas no período. Ambas ocuparam o primeiro e o segundo lugar, respectivamente, no ranking de Terras Indígenas ameaçadas no período anterior. Sete das dez TIs mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior. A TI Cachoeira Seca do Iriri (PA) e a TI Andirá-Maraue (AM/PA) lideram o ranking das mais pressionadas.
- As Unidades de Conservação Federais que lideram o ranking de Ameaça são a Resex Chico Mendes (AC) e a PARNA Mapinguari (AM/RO), ambas ocuparam o primeiro e o segundo lugar, respectivamente, no ranking de unidades de conservação federais ameaçadas no período anterior. Em relação à Pressão, a Resex Chico Mendes (AC) e a Resex Verde para Sempre (PA) lideram o ranking. Oito das dez Unidades de Conservação Federais mais pressionadas do período também apareceram no ranking do período anterior.
- As Unidades de Conservação Estaduais mais Ameaçadas foram a FES Afluente do Complexo do Seringal Jurupari (AC) e a APA do Lago de Tucuruí (PA). Sete das dez unidades de conservação estaduais mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior. Em relação à Pressão, a APA Triunfo do Xingu (PA) e a APA Arquipélago do Marajó (PA) são as líderes do ranking.
 

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