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Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas: SAD de Janeiro a Março de 2024

25/04/24

Bianca Santos, Júlia Ribeiro e Carlos Souza Jr. Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas: SAD de Janeiro de 2024 a Março de 2024. Belém: Imazon.

Áreas Protegidas (APs) representam um patrimônio nacional, e considerando a extensão das APs na Amazônia Legal (i.e., 4), os seus benefícios para a manutenção da biodiversidade, estoques de carbono e na geração de serviços ambientais, como a regulação do clima, transcendem a fronteira nacional, alcançando relevância global. Propomos uma metodologia para monitorar as Ameaças e Pressões nas APs baseada em dados de desmatamento (sem sombra de dúvidas, um dos maiores vetores de ameaças, mas há outros vetores como extração madeireira, garimpo, hidrelétricas).

Usamos as seguintes definições:

AMEAÇA: é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma AP. Utilizamos uma distância de 10 km para indicar a zona de vizinhança de uma AP na qual a ocorrência de desmatamento indica ameaça. Muitas APs resistem a esse tipo de ameaça, não permitindo que o desmatamento penetre em seus limites.

PRESSÃO: ocorre quando o desmatamento se manifesta no interior da AP, levando a perdas de serviços ambientais e até mesmo à redução ou redefinição de limites da AP. Ou seja, é um processo interno que pode levar à desestabilização legal e ambiental da AP.

RESULTADO

O SAD de janeiro a março de 2024 detectou um total de 320 km² de desmatamento na Amazônia. O cruzamento dos dados do SAD com a grade de células de 10 km x 10 km (i.e., 100 km²) revelou que:
– Das 385 células que tiveram ocorrência de desmatamento, 249 (65%) indicam Ameaça e 136 (35%) Pressão em APs. O número de células com ocorrência de desmatamento de janeiro a março de 2024 é 39% menor em comparação com janeiro a março de 2023. Isso ocorre porque, além do número de alertas ser menor no período atual, a área desmatada também reduziu 63% em comparação com o período anterior.
– As APs mais Ameaçadas foram a TI Waimiri Atroari (AM/RR) e a TI WaiWái (RR). Seis das dez APs mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior (Gráfico 1).
– A TI Yanomami (AM/RR) e a TI Alto Rio Negro (AM) foram as APs mais Pressionadas. Três das dez APs mais pressionadas do período também apareceram no ranking do período anterior (Gráfico 2).
– As TI Waimiri Atroari (AM/RR) e TI WaiWái (RR) foram as mais Ameaçadas no período. A TI Yanomami (AM/RR) e a TI Alto Rio Negro (AM) lideram o ranking das mais pressionadas. Cinco das dez TIs mais pressionadas do período também apareceram no ranking do período anterior.
– As Unidades de Conservação Federais que lideram o ranking de Ameaça são a FLONA de Roraima (RR) e a FLONA de Anauá (RR). Em relação à Pressão, a Resex Chico Mendes (AC) e a FLONA de Saracá-Taquera (PA) lideram o ranking. Sete das dez Unidades de Conservação Federais mais pressionadas do período também apareceram no ranking do período anterior.
– As Unidades de Conservação Estaduais mais Ameaçadas foram a APA Margem Direita do Rio Negro (AM) e a FES do Paru (PA). Em relação à Pressão, a APA Caverna do Maroaga (Presidente Figueiredo) (AM) e a APA Triunfo do Xingu (PA) são as líderes do ranking.

Baixe aqui o estudo completo

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