Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas: SAD de Julho a Setembro 2025

04/11/25
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Bianca Santos, Júlia Ribeiro e Carlos Souza Jr. Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas: SAD de Julho de 2025 a Setembro de 2025. Belém: Imazon.

Áreas Protegidas (APs) representam um patrimônio nacional, e considerando a extensão das APs na Amazônia Legal (i.e., 4), os seus benefícios para a manutenção da biodiversidade, estoques de carbono e na geração de serviços ambientais, como a regulação do clima, transcendem a fronteira nacional, alcançando relevância global. Propomos uma metodologia para monitorar as Ameaças e Pressões nas APs baseada em dados de desmatamento (sem sombra de dúvidas, um dos maiores vetores de ameaças, mas há outros vetores como extração madeireira, garimpo, hidrelétricas).

Usamos as seguintes definições:

AMEAÇA: é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma AP. Utilizamos uma distância de 10 km para indicar a zona de vizinhança de uma AP na qual a ocorrência de desmatamento indica ameaça. Muitas APs resistem a esse tipo de ameaça, não permitindo que o desmatamento penetre em seus limites.

PRESSÃO: ocorre quando o desmatamento se manifesta no interior da AP, levando a perdas de serviços ambientais e até mesmo à redução ou redefinição de limites da AP. Ou seja, é um processo interno que pode levar à desestabilização legal e ambiental da AP.

RESULTADO 

O SAD de julho a setembro de 2025 detectou um total de 1.020 km² de desmatamento na Amazônia. O cruzamento dos dados do SAD com a grade de células de 10 km x 10 km (i.e., 100 km²) revelou que: 

  • Das 2.147 células que tiveram ocorrência de desmatamento, 1.290 (60%) indicam Ameaça e 857 (40%) Pressão em APs. O número de células com ocorrência de desmatamento de julho a setembro de 2025 é 23% menor em comparação com julho a setembro de 2024. Isso ocorre porque, além do número de alertas ser menor no período atual, a área desmatada também reduziu 45% em comparação com o período anterior.
  • As APs mais Ameaçadas foram a RESEX Chico Mendes (AC) e a PARNA Mapinguari (AM/RO). Ambas ocuparam o primeiro e o segundo lugar, respectivamente, no ranking de APs ameaçadas do período anterior. Seis das dez APs mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior (Gráfico 1).
  • A RESEX Chico Mendes (AC) e a TI Andirá-Marau (AM/PA) foram as APs mais Pressionadas. Ambas ocuparam o primeiro e o sexto lugar, respectivamente, no ranking de APs pressionadas do período anterior. Oito das dez APs mais pressionadas do período também apareceram no ranking do período anterior (Gráfico 2).
  • As Terras Indígenas TI Kulina do Médio Juruá (AM/AC) e TI Arara (PA) foram as mais Ameaçadas no período. Oito das dez Terras Indígenas mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior. A TI Andirá-Marau (AM/PA) e a TI Cachoeira Seca do Iriri (PA) lideram o ranking das mais pressionadas.
  • As Unidades de Conservação Federais que lideram o ranking de Ameaça são a Resex Chico Mendes (AC) e a PARNA Mapinguari (AM/RO). Ambas ocuparam o primeiro e o segundo lugar, respectivamente, no ranking de unidades de conservação federais ameaçadas no período anterior. Em relação à Pressão, a Resex Chico Mendes (AC) e a RESEX Alto Juruá (AC) lideram o ranking de unidades de conservação federais pressionadas no período. Nove das dez unidades de conservação federais mais pressionadas do período também apareceram no ranking do período anterior.
  • As Unidades de Conservação Estaduais mais Ameaçadas foram a FES do Rio Gregório (AC) e a FES do Antimary (AC). Em relação à Pressão, a APA Triunfo do Xingu (PA) e a APA do Lago de Tucuruí (PA) são as líderes do ranking. Sete das dez unidades de conservação estaduais mais pressionadas do período também apareceram no ranking do período anterior.

Baixe aqui o estudo completo

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