Área degradada cresceu por causa das queimadas, principalmente em agosto e setembro

A floresta amazônica teve em 2024 o segundo ano consecutivo de queda no desmatamento, após uma sequência de cinco anos com recordes negativos de destruição. De janeiro a dezembro, foram derrubados 3.739 km², 7% a menos do que no mesmo período de 2023, quando a devastação atingiu 4.030 km². Já em relação 2022, quando a Amazônia teve 10.362 km² derrubados de janeiro a dezembro, a área desmatada em 2024 foi 65% menor. Apesar da queda significativa, o saldo de floresta perdida no ano passado representa mais de mil campos de futebol por dia. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto de pesquisa Imazon, que monitora a região por imagens de satélite desde 2008.
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A degradação de 2024 foi a maior dos últimos 15 anos, desde 2009, após o Imazon ter começado a monitorar esse dano florestal. Até então, o recorde negativo era de 2017, quando foram degradados 11.493 km². “Esse aumento expressivo na área degrada da Amazônia ocorreu por causa da alta nas queimadas, principalmente em agosto e setembro. Nesses dois meses, a degradação cresceu mais de 1.000%”, comenta Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
Além disso, Carlos reforça que 2024 foi um ano de seca extrema na região, o que gera estresse hídrico e aumenta a vulnerabilidade da floresta às queimadas. “Foram dois anos consecutivos de seca extrema na Amazônia, o que levou inclusive à ocorrência de queimadas em áreas úmidas da região. Esperamos que esse padrão não se torne o novo normal. As emissões de carbono da degradação florestal associada às queimadas de 2024 superaram as emissões do desmatamento”, alerta o cientista.
Assim como o desmatamento, a degradação também teve queda em dezembro depois de seis meses consecutivos de aumento. No último mês do ano, foram degradados 628 km², 40% a menos do que em 2023: 1.050 km². Apesar da queda, a área afetada pelo dano ambiental em dezembro do ano passado foi a segunda maior desde 2009.
Para o início de 2025, conforme Larissa, o esperado é que a degradação diminua. “Por causa do período de chuvas na Amazônia, as áreas de floresta afetadas tanto pelo desmatamento quanto pela degradação são historicamente menores nos primeiros meses do ano”, explica a pesquisadora.
Pará também liderou degradação
Entre os estados, a maior área degradada no ano passado foi registrada no Pará: 17.195 km². Isso foi 421% a mais do que em 2023. É em solo paraense que estão sete dos 10 municípios que mais degradam a Amazônia no ano passado: São Félix do Xingu (5.298 km²), Ourilândia do Norte (1.937 km²), Altamira (1.793 km²), Novo Progresso (1.593 km²), Cumaru do Norte (1.083 km²), Itaituba (857 km²) e Parauapebas (753 km²). Além disso, também são paraenses a terra indígena e a unidade de conservação campeãs em degradação em 2024. O território Kayapó, com 4.928 km² degradados, e a APA Triunfo do Xingu, com 1.426 km². O segundo estado que mais degradou a Amazônia em 2024 foi Mato Grosso, com 9.333 km², alta de 767% em relação ao ano anterior. O Amazonas ocupou a terceira colocação, com 3.000 km² atingidos, 291% superior do que em 2023.
Estado | Degradação de janeiro a dezembro de 2023 (km²) | Degradação de janeiro a dezembro de 2024 (km²) | Variação |
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Pará | 3.298 | 17.195 | 421% |
Mato Grosso | 1.076 | 9.333 | 767% |
Amazonas | 767 | 3.000 | 291% |
Rondônia | 217 | 2.861 | 1.218% |
Roraima | 16 | 2.824 | 17.550% |
Maranhão | 294 | 627 | 113% |
Tocantins | 356 | 321 | -10% |
Acre | 44 | 184 | 318% |
Amapá | 24 | 34 | 42% |