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Apenas 10 municípios concentram quase 30% do desmatamento na Amazônia nos últimos 12 meses

28/08/25

Campeões de destruição foram Apuí e Lábrea, localizados no Sul do Amazonas, que perderam quase 30 mil campos de futebol de floresta em um ano

Somente 10 dos 772 municípios da Amazônia Legal foram responsáveis por quase 30% da área desmatada em toda a região nos últimos 12 meses, entre agosto de 2024 e julho de 2025. Conforme o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto de pesquisa Imazon, dos 3.503 km² de floresta destruídos no período, 956 km² (27%) foram dentro dos 10 municípios campeões de devastação, embora eles somem apenas 6% do território amazônico.

Os líderes do ranking foram Lábrea e Apuí, localizados no Sul do Amazonas, que perderam respectivamente 140 e 137 km² de vegetação nativa. Isso equivale à devastação de 76 campos de futebol por dia de floresta, somando quase 30 mil nos últimos 12 meses. Os outros oito municípios que mais desmataram a Amazônia estão em Mato Grosso (Colniza, Marcelândia e União do Sul), no Pará (Uruará, Portel, Itaituba e Pacajá) e no Acre (Feijó).

Municípios Mais Desmatados – Agosto de 2024 a Julho de 2025
RankingNomeEstadoÁrea (km²)
1ApuíAM140
2LábreaAM137
3ColnizaMT124
4MarcelândiaMT102
5UruaráPA91
6PortelPA89
7FeijóAC78
8ItaitubaPA67
9União do SulMT65
10PacajáPA63

Ainda entre esses municípios, seis deles também estão entre os dez com maior risco de novas derrubadas apontados pela plataforma de previsão do desmatamento PrevisIA: Apuí, Lábrea, Colniza, Uruará, Portel e Feijó. Esse cruzamento mostra que áreas já identificadas com alta pressão seguem vulneráveis. Ações prioritárias de proteção ambiental nesses municípios e em outros territórios críticos poderiam ter feito o chamado “calendário do desmatamento”, período que por causa do regime de chuvas no bioma vai de agosto de um ano a julho do ano seguinte, fechar em queda na Amazônia. Porém, o que se viu foi praticamente uma estabilidade. No calendário passado, entre agosto de 2023 e junho de 2024, foram derrubados 3.490 km², 0,4% a menos do que no atual.

“Em relação ao registrado entre agosto de 2022 e julho de 2023, o calendário passado representou uma redução de 46% no desmatamento. Porém, agora tivemos esse leve aumento, o que alerta para a urgência em combater a derrubada nessas áreas mais pressionadas”, afirma Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.

No passado, o maior envolvimento municipal no combate ao desmatamento resultou em reduções significativas da destruição. O exemplo histórico desse esforço foi Paragominas, no Pará, onde um programa criado em 2008, chamado Município Verde, fez com que a cidade registrasse uma redução de 90% na derrubada após um ano de trabalho. À época, a prefeitura e mais de 30 entidades civis firmaram um acordo de combate ao desmatamento, incluindo os produtores de gado, grãos e madeira. O município passou a usar o monitoramento por imagens de satélite para realizar ações de fiscalização e punição e realizou campanhas ambientais, além de uma força-tarefa para registro de Cadastros Ambientais Rurais (CARs), que chegaram a 80% das propriedades em 2009.

A boa notícia foi que no último mês do calendário atual houve uma redução de 45% na destruição da floresta, que passou de 642 km² em julho de 2024 para 352 km² em julho de 2025.

Degradação aumenta quase quatro vezes em 2025

Já a má notícia foi em relação à degradação florestal, que cresceu quase quatro vezes em relação ao calendário anterior, passando de 8.913 km² entre agosto de 2023 e julho de 2024 para 35.426 km² entre agosto de 2024 e julho de 2025. Diferente do desmatamento, que é a remoção completa da vegetação, a degradação ocorre quando a floresta é afetada pelo fogo ou pela extração madeireira.

Esse salto se explica principalmente pelas grandes áreas afetadas por queimadas nos meses de setembro e outubro de 2024. “A degradação florestal fragiliza a floresta, aumenta a emissão de carbono e deixa a Amazônia ainda mais vulnerável, ameaçando sua biodiversidade e as populações locais. O salto que vimos em 2025 é um sinal de que precisamos olhar com mais atenção para esse tipo de dano”, alerta Manoela Athaíde, pesquisadora do Imazon.

Apenas no último mês, a degradação mais do que duplicou na Amazônia, passando de 175 km² em julho de 2024 para 502 km² em julho de 2025. “Esta foi a segunda maior área degradada desde o início da série histórica, em 2009. O julho mais grave ocorreu em 2016, quando 664 km² foram afetados por esse dano na floresta”, explica Amorim.

Pará, Mato Grosso e Amazonas lideram no desmatamento e na degradação

Os rankings dos estados que mais desmataram e mais degradaram a Amazônia entre agosto de 2024 e julho de 2025 segue a mesma ordem nos três primeiros lugares: Pará, Mato Grosso e Amazonas. Juntos, esses estados foram responsáveis por 76% do desmatamento e 87% da degradação florestal na Amazônia nos últimos 12 meses.

No caso do desmatamento, tanto Pará quanto Mato Grosso apresentaram aumento na área derrubada em relação ao calendário passado, de 6% e de 31%, respectivamente. Outro estado que apresentou crescimento na devastação foi o Tocantins, de 8%.

Estados Mais Desmatados – Agosto de 2024 a Julho de 2025
RankingEstadoÁrea (km²)Variação
1PA1.1706%
2MT74731%
3AM739-7%
4AC372-4%
5RR182-14%
6RO154-26%
7MA106-36%
8TO268%
9AP7-59%

Já em relação à degradação, a maioria dos estados apresentou aumento, sendo os mais expressivos Rondônia (1.200%), Mato Grosso (852%) e Pará (449%). Apenas dois estados tiveram redução na área degradada: Tocantins (-10%) e Roraima (-99%).

Estados Mais Degradados – Agosto de 2024 a Julho de 2025
RankingEstadoÁrea (km²)Variação
1PA18.228449%
2MT9.596852%
3AM3.116291%
4RO2.9391.200%
5MA945223%
6TO321-10%
7AC230265%
8AP3546%
9RR16-99%

Acesse aqui o boletim do desmatamento e da degradação em julho
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