Derrubada na Amazônia cai 41% em agosto, mês que inicia o calendário do desmatamento de 2026

30/09/25

Em agosto de 2025, a Amazônia Legal perdeu 388 km² de floresta, o que representa uma queda de 41% em comparação com o mesmo período de 2024. Esse resultado marca o início do calendário de desmatamento de 2026, que se estende até julho do próximo ano.

Apesar da redução registrada em agosto de 2025, o desmatamento ainda equivale à perda de mais de 1,2 mil campos de futebol de floresta por dia. Mesmo assim, o resultado chama atenção por ser o menor registrado para o período desde 2017, ou seja, em oito anos.

“Isso mostra que houve uma redução significativa em relação ao padrão recente, mas a perda cumulativa da floresta continua, o que exige ações de fiscalização recorrentes para evitar as derrubadas. Assim, o Brasil pode avançar na meta de desmatamento zero até 2030”, aponta o pesquisador do Imazon Carlos Souza Jr.

O Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD) do Imazon também mostra que, no acumulado de janeiro a agosto de 2025, houve uma redução de 20% em comparação ao ano anterior. Ainda assim, a Amazônia perdeu 2.014 km² de mata nos oito primeiros meses de 2025, quase três vezes a cidade de Salvador, capital da Bahia. Os maiores valores para esse intervalo seguem sendo os de 2021 e 2022, quando a devastação atingiu recordes na série histórica.

“A queda do desmatamento deve ser celebrada, mas não podemos esquecer que a perda da floresta ainda persiste. O desafio agora é transformar essa diminuição em uma tendência permanente, e não em uma oscilação momentânea”, avalia a pesquisadora do Imazon Manoela Athaíde.

Acre lidera desmatamento em agosto e concentra metade das UCs mais afetadas

Acre (26%), Amazonas (26%) e Pará (23%) corresponderam por 75% de toda a área desmatada na Amazônia em agosto de 2025. Apesar do aparente equilíbrio na distribuição entre os três, o Acre se destacou negativamente, além de ser o que mais perdeu cobertura vegetal no mês, teve quatro municípios entre os dez mais desmatados. O Amazonas, segundo colocado, concentrou outros três.

Municípios Mais Desmatados – Agosto de 2025

RankingNomeEstadoÁrea (km²)
1FeijóAC23
2TarauacáAC20
3Rio BrancoAC12
4ColnizaMT12
5CaracaraíRR12
6LábreaAM11
7ApuíAM10
8Porto VelhoRO9
9CanutamaAM7
10Manoel UrbanoAC7

O cenário do Acre se agrava quando é observada a destruição em unidades de conservação. Das dez UC’s mais impactadas, cinco estão no estado, incluindo a Reserva Extrativista Chico Mendes, que liderou o ranking. Somente no local foi destruído o correspondente a 500 campos de futebol.

“Em agosto do ano passado, o Acre já havia ocupado a terceira posição entre os que mais perderam floresta. Isso não significa necessariamente um novo padrão consolidado, mas mostra que a pressão sobre o território é real. O monitoramento dos próximos meses é essencial para orientar ações de fiscalização e políticas de prevenção que contenham o avanço do desmatamento”, explica Raissa.

Unidades de Conservação Mais Desmatadas – Agosto de 2025

RankingNomeEstadoÁrea (km²)
1Resex Chico MendesAC5
2APA Triunfo do XinguPA3
3Resex Alto JuruáAC3
4FES do Rio GregórioAC2
5Resex Guariba-RooseveltMT2
6FES do MognoAC2
7Resex Rio Preto-JacundáRO2
8Resex Riozinho da LiberdadeAC1
9FES do Rio LiberdadeAC1
10APA GuajumaAM1

Degradação tem redução de 81% em agosto

A degradação florestal, provocada por queimadas e extração madeireira, também apresentou uma queda significativa no mês, passando de 2.870 km² em agosto de 2024 para 559 km² em agosto de 2025. Apesar da diminuição de 81%, a área afetada ainda é a sétima maior da série histórica e equivale à perda de 1,8 mil campos de futebol de vegetação por dia no período.

“A baixa na degradação registrada no primeiro mês do calendário de desmatamento de 2026 é uma boa notícia. Historicamente, agosto é um mês de transição, quando as queimadas se tornam mais frequentes e intensas devido à seca, que torna a vegetação mais vulnerável à prática de fogo e a atividades de extração madeireira. No entanto, é necessário agir estrategicamente e manter a vigilância nos próximos meses garantindo que o calendário termine com números positivos, diferente do ocorrido em 2024, quando foram perdidos 35.426 km² de floresta, principalmente devido às grandes queimadas de setembro e outubro de 2024”, comenta Manoela.

O estado da Amazônia Legal com maior presença da atividade foi o Mato Grosso, que concentrou 50% de toda a área degradada. Em seguida aparecem o Pará, com 22%, e o Acre, com 14%. Juntos, esses três estados somaram 484 km² de florestas degradadas, uma área maior que a cidade de Curitiba, capital do Paraná.

Entre os 10 municípios mais impactados pela degradação, quatro estão no Pará, três no Mato Grosso, dois no Acre e um em Rondônia.

Municípios Mais Degradados – Agosto de 2025

RankingNomeEstadoÁrea (km²)
1AripuanãMT92
2FeijóAC55
3ColnizaMT48
4Porto VelhoRO34
5AveiroPA27
6CotriguaçuMT22
7SantarémPA20
8Rio BrancoAC20
9PortelPA20
10ParagominasPA19

No Pará também estão localizadas três das dez unidades de conservação com maior registro da prática em agosto. Outras três ficam em Rondônia, duas no Acre, uma no Amazonas e outra tem seu território dividido entre os estados de Roraima, Amazonas e Mato Grosso.

Unidades de Conservação Mais Degradadas – Agosto de 2025

RankingNomeEstadoÁrea (km²)
1Flona de JacundáRO17
2Flona de AltamiraPA16
3APA dos Campos  de ManicoréAM11
4Flona CaxiuanãPA10
5Resex Rio Preto-JacundáRO0,1
6Parna dos Campos AmazônicosRO/AM/MT0,1
7FES do Rio GregórioAC0,10
8APA do TapajósPA0,09
9Flona do Bom FuturoRO0,05
10Resex Chico MendesAC0,05

Em agosto, duas terras indígenas amazônicas registraram sinais de degradação: a Terra Indígena Marãiwatsédé, lar do povo Xavante, e o Parque Indígena do Xingu, onde vivem os povos Awenti, Ikpeng, Kajkwakratxi, Kalapalo, Kamaiurá, Kawaiwete, Khisêtjê, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukwá, Naruvotu, Trumai, Wauja, Yawalapiti e Yudja. Ambas estão localizadas no estado do Mato Grosso, que foi o estado com maior índice de degradação no mês.

No acumulado de janeiro a agosto a degradação teve queda de 54%

Ao analisar os dados acumulados de janeiro a agosto, houve uma redução de 54% em relação a 2024. A degradação florestal nesse período caiu de 6.008 km² no ano passado para 2.744 km² neste ano. Apesar dessa diminuição, a área de perda ainda é maior do que o tamanho da cidade de Palmas, capital do Tocantins.

“Apesar da baixa na degradação acumulada desde o início de 2025 até agora, é fundamental agir de forma intensiva para conter as queimadas e a exploração ilegal de madeira no bioma. É necessário reduzir os números de perda de vegetação, que ainda permanecem elevados, proteger a fauna e a flora diretamente afetadas por essas atividades e contribuir para evitar que as mudanças climáticas, impulsionadas pelos danos no bioma amazônico, se agravem ainda mais”, alerta Carlos. 

Acesse aqui o boletim do desmatamento e da degradação em agosto
Veja aqui todos os boletins do SAD
Saiba mais sobre o SAD aqui

Comment